Resgatando o FUNK de protesto
Por Aline Reis
Justificativa: Há alguns anos explodiu no nosso Rio de Janeiro o Funk, ritmo vindo das classes populares, cuja letra estava encharcada de protesto e descrição da realidade vivida nas comunidades. Foi objeto de grande sucesso, sendo comum ouvir por onde se andava essas músicas. Tais letras foram capazes de superar o preconceito que este ritmo oriundo das favelas enfrentava até então, circulando por bailes em todos os bairros do Rio de Janeiro.
Muito tempo se passou, esse ritmo passou a receber outras nuanças nas suas mensagens. Contudo, parece extremamente oportuno aproveitar essa herança consciente que foi construída a anos atrás e que, pela familiaridade com o ritmo, faz parte do universo contextual em que o aluno existe.
E considerando o artigo 32 da LDB, em seu parágrafo segundo, que estabelece que a educação deve proporcionar “a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;” e a lei 5.543/09, que definiu o funk como movimento cultural, é extremamente oportuno circular pela história, características e objetivos de movimentos populares, como o funk.
Um cidadão precisa conhecer seus direitos e deveres. Mas também precisa compreender que ele próprios, seus pais, tios, avós, vizinhos e amigos, são também construtores dessa história que vivemos no nosso dia a dia. Construtores dessa sociedade da qual fazemos parte. E que direta ou indiretamente, todos atuamos na definição do que será o nosso amanhã.
Objetivos: espera-se apresentar as possibilidades de os alunos se reconhecerem como parte da historia dessa cidade, desse Estado, desse país, dessa sociedade da qual fazemos parte; e na qual interferimos direta ou indiretamente.
Mais especificamente, o projeto será utilizado como referencia para corroborar a idéia de todos os grupos sociais são capazes de produzir cultura, inclusive os próprios alunos. Além disso, as grandes discussões geradas a partir dos temas, estimularão a definição e verbalização da opinião dos alunos acerca daquilo que acontece diante deles e eles já tenham maturidade para compreender.
Conhecer minimamente os direitos dos sujeitos pertencentes a esta sociedade.
Desenvolver o respeito a diferença de pensamento e ao discurso do outro.
Cronograma:Meses de março e abril.
ÚLTIMA SEMANA DE MARÇO | APRESENTAÇÃO DO PROJETO E JUSTIFICATIVA AOS ALUNOS, COM INDICAÇÃO DA LEI 5543/09 |
1ª SEMANA DE ABRIL | REESCRITA DAS MÚSICAS (ANÁLISE ORTOGRÁFICA, DE COERÊNCIA, MUDANÇA DE POESIA PARA PROSA) |
| USO DO MAPA PARA LOCALIZAR BAIRROS DO RIO |
| INVESTIGAÇÃO DA ORIGEM DAS FAVELAS |
2º SEMANA DE ABRIL | CORRELAÇÃO DA SEGREGAÇÃO SOFRIDA POR INDIOS E NEGROS |
| INTERPRETAÇÃO, RELEITURA E ILUSTRAÇÃO DA MÚSICA DA TURMA |
| CONFECÇÃO DE POESIAS A PARTIR DO TEOR DAS MÚSICAS (EM SALA DE AULA) |
3ª SEMANA DE ABRIL | CONFECÇAO DE CARTAZES SOBRE OS TEMAS |
| SELEÇÃO DAS 3 MELHORES POESIAS DE CADA TURMA |
| APRESENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO MUNDIAL DOS DIREITOS DO HOMEM |
| DEBATE SOBRE OS DIREITOS E DEVERES DAS PESSOAS |
1ª SEMANA DE MAIO | AVALIAÇÃO COM A TEMÁTICA DOS DIREITOS E DEVERES |
| PRODUÇÃO ESCRITA: QUAL A MINHA PARTE PARA CONSTRUIR UM MUNDO SEM VIOLÊNCIA? |
| SELEÇÃO DAS 5 MELHORES POESIAS ENTRE OS GRUPAMENTOS, PARA CONCURSO DA SME. |
| CULMINÂNCIA DO PROJETO, COM APRESENTAÇÃO DE MÚSICAS, POESIAS E EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS. |
As datas poderão sofrer alterações, de acordo com necessidades que surjam ou mesmo com a particularidade do trabalho em cada turma.
Público-alvo: alunos das turmas de 4º e 5ºano.
Metodologia:
As letras das músicas selecionadas serão lidas, ouvidas e discutidas no grupo, em forma de debate, com posterior realização de atividades específicas, de acordo com os objetivos de cada momento de aprendizagem.
Raps utilizados:
- Rap do Surfista, de Grupo Geração.
- Rap do Salgueiro, de Claudinho e Buchecha.
- Rap endereço dos bailes, de.
- Rap do Pirão, MC Galo.
- Rap da Consciência, de MC Teco e Buzunga.
- Rap do Festival, de Danda e Tafarel.
- Rap da Xuxa, de Cidinho e Doca.
- Rap da Xuxa, de Xuxa.
Atividades específicas:
Apresentação aos alunos da lei que tornou o FUNK uma manifestação cultural e orientação sobre a importância de se respeitar as diferenças de estilos, preferências e modo de ser.
Seleção de uma música por turma para a identificação dos vícios de linguagem, correção dos erros de grafia e destaque para o uso da linguagem verbal numa produção escrita. Nesse caso, o suporte direto e constante será o dicionário. A letra será reescrita, com as alterações pelos alunos, individualmente.
Releitura das músicas, com criação de poesias individuais, inspiradas nos temas dos raps, para participar de seleção.
Reconhecimento da divisão do Município do rio em zonas, as quais são são compostas por bairros que apresentam características diferentes. A identificação dos bairros será feita a partir da musicas que mencionam diferentes comunidades. Será feita a localização pelos alunos dos bairros mencionados no rap, através do mapa do Rio e grupos pesquisaram sobre os bairros sorteados. (geografia)
Resgatar o significado de algumas gírias de época, explicar o que é gíria e comparar com gírias atuais.(l portuguesa)
Fazer a interpretação de texto dos conteúdos das músicas trabalhadas no projeto, uma a uma, individualmente, com posterior partilha das respostas no grupo, identificando especificamente, o tema, a finalidade, a opinião do autor sobre o assunto e a conclusão do texto (quando houver).
Fazer a revisão ortográfica coletiva dos textos, identificando falhas de escrita ocasionadas pelo hábito de escrever como se fala, reforçando a necessidade do cuidado em relação a escrita para que seja adequada e torne o texto facilmente compreensível pelo leitor. (l portuguesa)
Buscar a o contexto e os motivos da origem das primeiras favelas no Rio de Janeiro e discutir o assunto, identificando se ainda hoje acontecem formações de comunidades como ocorreram com as primeiras favelas e se existem na região da escola. Será feita a exposição dos motivos que levaram ao fim da escravidão no Brasil e ao destino que tiveram a maioria dos escravos depois de maio de 1888. (história)
Identificar as principais diferenças na vida de pobre e ricos, fazer a leitura individual e coletiva da declaração universal dos direitos do homem, comparando em seguida essas diferenças, e identificando a partir de tais diferenças que direitos são desrespeitados. Essas atividades serão realizadas usando como pano de fundo as diferenças sinalizadas nos raps. O resultado do trabalho será transformado em cartazes que serão expostos nos espaços da escola. (cidadania)
Refletir sobre a as consequências da violência na vida das pessoas e a necessidade de fazermos a nossa parte. Produção escrita: “Qual a minha parte para construir um mundo sem violência?” (L portuguesa, cidadania).
Relacionar a história pregressa do negro no Brasil, maioria quando da ocupação dos primeiros morros e favelas no Brasil, com a história do índio, ambos segregados por algum tempo, e o impacto de tal segregação em cada povo – o negro e o índio. Serão feitos debates e pesquisas sobre as condições dos índios antes e depois do convívio com o homem “branco”.
Culminância com apresentação do resultado do trabalho, dando ênfase a diversidade cultural e enfocando negros e índios, como povo com histórico de discriminação e superação.
Avaliação:
Acontecerá ao longo de todo o processo, com a observação da participação oral dos alunos, das produções escritas, confecção de cartazes, associadas a uma avaliação com foco em direitos e deveres realizada ao final do projeto, em dupla, pelos alunos participantes.
DISTRIBUIÇÃO DAS MÚSICAS
1401 | GEANINE | RAP DO FESTIVAL |
1402 | PATRICIA | RAP DO SURFISTA |
1403 | PATRICIA | RAP DA XUXA |
1404 | MARISA | RAP DO SALGUEIRO |
1501 | ALINE | RAP DA FELICIDADE |
1502 | ALINE | RAP DA CONSCIÊNCIA |
1503 | REGINA | RAP DO PIRÃO |
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